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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Primeira Página

Ele entrou no mercado. Estava nervoso, a mão suava. Andou um pouco, olhou as prateleiras sem prestar atenção. Fez sinal para o colega na porta, tudo ok. Já era noite e ninguém ia ver. No máximo ia sair num cantinho do jornal da cidade, nada muito sério, afinal, quem liga para um assalto à um mercadinho de bairro?
Foi pra porta. Pensou um pouco. Precisava da grana! O pai estava preso: homicídio. A mãe vivia bêbada. Ninguém no mundo. Só os quatro irmãozinhos menores, em casa, com fome.
Entrou de novo.
Lá no morro já era tradição. Irmão mais velho sá trabalha assim. E até que ele começou tarde...
Pensou no menorzinho da casa. Dois aninhos, chorando, magrinho, miúdo...
Encheu o pulmão, tomou coragem, foi pro caixa. Pegou a arma na cintura. De brinquedo, mas perfeitinha. Ninguém ia perceber. No caixa, só uma velhinha passando um saco de pão. Ia ser fácil.
Anunciou o assalto, empurrou a velhinha, apontou a arma, me passa a grana. E a velha, assustada, num impulso... ZAP! Acertou uma bela bolsada na cabeça do vilão... Uau! O que tinha naquela bolsa? Chumbo? Tudo escureceu. O colega fugiu, o assaltante caiu. Chegou a polícia, levou pro delegado.
No morro, os irmãozinhos choravam, e na primeira página do jornal a manchete: "Assaltante de 15 anos é nocauteado por velhinha".
(Carolina Pimentel)

Um comentário:

Anônimo disse...

ótimo o texto! Parabéns!